Este procedimento estético é também parte fundamental do processo de recuperação da auto-estima depois de um cancro da mama e de uma mastectomia!
No mês internacional do cancro da mama, publicamos uma crónica sobre dermopigmentação paramédica das aréolas mamárias, umas das técnicas utilizadas na reconstituição das aréolas da mama.
As explicações sobre o procedimento são da autoria de Angella Lemos, fundadora da WeCare4You Clinic e especialista em Dermopigmentação tanto estética como paramédica.
“Vou escrever sobre algo que transcende o mundo da beleza. A dermopigmentação paramédica, neste caso a dermopigmentação paramédica das areolas mamárias, vai muito para além daquilo que podemos chamar de beleza estética. Trata-se, para mim, de um ato de amor. Isto porque na maior parte dos casos, este tipo específico de dermopigmentação é realizada em mulheres que não só venceram o cancro da mama, como, durante o processo, foram submetidas a uma mastectomia. A mastectomia é uma das cirurgias possíveis no tratamento do cancro da mama, em que pode remover parte ou mesmo a totalidade da mama. Neste tipo de cirurgia, se for possível, é feita de imediato a reconstituição mamária por um cirurgião plástico, com o objetivo de preservar a imagem que a mulher tem de si própria , fazendo parte da sua identidade e claro , da sua autoconfiança.
Apesar de a reconstrução ser um passo de extrema importância não só para a recuperação, mas para o bem-estar a longo prazo da mulher, não consegue resolver “detalhes” como a cor dos mamilos e a aréola. É aqui que entra a dermopigmentação paramédica, através da qual se redesenha a aréola ou seja a área circular que envolve o mamilo.
Neste procedimento são utilizados pigmentos orgânicos e semi permanentes que são seguros para estes casos. Fazemos as medições necessárias para que não hajam erros de simetria, sendo as aréolas e os mamilos desenhados com um lápis próprio (cor de rosa ou nude) , para manter uma forma orgânica e natural e não a de uma circunferência perfeita, algo que dificilmente existe na anatomia humana.
Depois de passarmos na zona um creme anestésico para reduzir qualquer tipo de desconforto. usamos o dermógrafo, um equipamento elétrico com uma agulha de uma ponta, para desenhar e preencher com o pigmento, que foi selecionado em conjunto com a mulher.
A grande maioria das mulheres necessita de pelo menos duas sessões para garantir o resultado desejado, passando pela coloração ideal.
É também importante sublinhar que poderá haver necessidade de retocar e intensificar um pouco a cor no futuro, uma vez que com o passar do tempo o pigmento tende a desvanecer, isto porque ao contrário de uma tatuagem, que atinge a derme reticular e parte da hipoderme, a dermopigmentação atinge apenas a segunda camada da pele, a derme papilar.
A dermopigmentação paramédica melhora não só a aparência estética da mama, como ajuda a elevar a autoestima da mulher, contribuindo desta forma para o processo de se reconectarem com o seu corpo e com a imagem que vêm refletida no espelho (e não só). É um procedimento importante que pode trazer um sentido de normalidade de volta e pode ajudar a fazer as pazes com o corpo que foi invadido por uma doença e que travou uma grande batalha. Por isso, é que digo que a dermopigmentação paramédica, mais do que um procedimento estético, é vital no processo de empoderamento da mulher. Poder fazer parte da viagem de mulheres que enfrentaram (e venceram) o cancro da mama, contribuindo assim de alguma forma para que voltem a reencontrar o seu corpo, é não só uma parte importante da minha realização profissional como enfermeira e dermopigmentadora, como me traz também um enorme sentido de realização profissional e de irmandade.”